A
comunicação é transitiva e se põe como um caminho pelo qual
circulam emoções e competências. Se não afeta significativamente
os interlocutores, rompe-se a possibilidade de fluxo e deságua na
indiferença. Se vai ao encontro dos interesses recíprocos, então
flui.
Não
se faz comunicação sozinho. Não é discurso decorado, repetido
maquinal e tecnicamente, não é encenação e não pode ser
descolada da oportunidade. Não é impermeável, enclausurada na
rigidez de experiências passadas que são reproduzidas para evitar o
desafio na tentativa de reter o passado por medo da mudança. É mais
do que a transparência imediatista e forçada das mídias sociais,
onde bilhões de tweets
e de scraps
trazem dados que, sem crítica, divulgam muito mas dizem pouco...
Muitos dos “alôs”, “olá, como vai?”, “vou bem, obrigado”
presenciais também são ocos, apesar dos tapinhas nas costas...
Ela lê através do que está dito,
encontra a mensagem de fundo, ignora as imperfeições da fala e da
escrita, e percebe a intenção. Atua com solicitude, consideração
e empatia. Vislumbra ambos em sua humanidade e carência, mobilizando
as competências no sentido de compartilhar e acompanhar a caminhada.
Abre possibilidades, permite crescimento, adivinha cautelosamente,
não se apressa e respeita os tempos de maturação. Exige abertura e
discernimento. Propõe novas formas de se progredir. Alcança o
objetivo almejado: identificar a necessidade e participar da
solução.
A comunicação transitiva não é
inata; é um aprendizado e requer humildade. Começa por debruçar-se
em si mesmo buscando congruência em sentir, pensar e agir, para
encontrar o lugar único e pessoal no giro do mundo. A atenção aos
movimentos diz com a inserção honesta e produtiva do ser que busca
significar os sentimentos. É um exercício que, a partir de
aproximações sucessivas, mostra que não há ponto de chegada, e
sim que as atitudes constroem a via de duas mãos que aperfeiçoa as
vivências.
E é isto o que se busca: viver essa
comunicação autêntica num cenário fluido, respeitoso, solidário,
eficaz e rico de sentido no qual todos contribuem com suas
habilidades.